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segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Diversidade em Sala de Aula II

Final de 2007 eu apresentando um trabalho de psicologia da educação numa turma de licenciatura sobre o prejuízo que os pais que se "isentam" de educar seus filhos e deixam que a televisão os eduque podem causar para sua família. Um dos alunos me interrompe e diz: "VAI SER TODO MUNDO BOIOLA ". Minha primeira reação foi ficar vermelha de ódio, a segunda foi falar que inclinação (já que NÃOOOO escolhemos ser héteros ou gays) nada tem a ver com caráter e forma de criação, nenhum gay é menos/mais capaz ou menos/mais portador de carater que um hetero . Minha professora disse que deveriamos resolver esse tipo de pendência indivídual depois que sua aula acabasse. Pendência INDIVÍDUAL desde quando???
Os homossexuais sairam do armário e resolveram assumir seu lugar na sociedade, hoje temos famílias formadas por casais de homem e mulher (tradicional), mas também temos famílias formadas por pais separados, um casal de mulher e mulher, um casal de homem e homem, ou seja, atualmente temos alunos criados por pais gays. Os gays não assumem só o papel de pai/ mãe, podem ser alunos e professores, como disse antes não escolhemos ser homossexuais ou não, somos antes de tudo seres humanos, podemos ter todos as mesmas aspirações, as mesmas vontades, os mesmos medos...
Mas afinal, por que esse discurso todo?
É porque pesquisas afirmaram que as escolas em geral têm preconceitos contra gays como mostra a revista Nova Escola do mês de maio.
Tá, sabemos que os gays não são bem vindos em muitos lugares, é ultrajante até fazer a boa ação de doar sangue (como se todos os homossexuais fossem depravados e saissem por aí fazendo orgias e sem proteção), mas na escola, onde se espera que as pessoas aprendam a pensar, a abrir a mente e a conhecer mundos novos, é meio inaceitável.
A revista aborda que grande parte dos gays (assim como héteros) descobre seus desejos sexuais na idade escolar. O jovem pode ter e não gostar de uma experiência com pessoas do mesmo sexo como pode descobrir um pedacinho de sua identidade. Na reportagem é apontado que o professor ( o psicológo, o padre, a surra) não pode mudar a orientação sexual do aluno, mas pode fazer com que essa diferença seja respeitada pelo restante da turma, podem buscar ajuda nas histórias de homossexuais que desempenham papéis importantes na sociedade (tomando cuidado para não fazer apologia e para não levar alguém que acabe aumentando o preconceito-certos gays acabam contribuindo com o preconceito por tomarem certas atitudes promíscuas). Se o professor é quem for homossexual, ele pode ou não se posicionar como tal, lembrando que, ao se assumir, deverá saber como lidar com os preconceitos por parte de alunos, pais e colegas de profissão (acho que não é necessário esconder esse tipo de informação, mas também não é necessário levantar uma bandeira, ninguém chega em um lugar e fala "meu nome é fulano de tal e eu sou hetero". Por que o gay tem que falar que é gay? A primeira pessoa que deve aceitar a normalidade homossexual é a própria pessoal homossexual). Se os pais ou mães de algum aluno sejam os homossexuais em questão, se aparecer alguma oportunidade, os professores devem fazer trabalhos ou explicar as várias formas de constituições familiares aos seus educandos (o mesmo processo será útil para filhos de pais separados) sem entrar em questões religiosas ou preconceituosas - “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós " (Mateus 7:1).
Não é fácil falar de certos assuntos como esses em sala de aula, mas é muito importante que seja falado, não são assuntos indivíduais, são assuntos presentes na sociedade e que devem ser levados até a escola. Mesmo que nós sejamos os preconceituosos, como professores, devemos esconder o preconceito e levar o respeito até nossos alunos, as vezes, assim, acabamos adquirindo nós o respeito que queremos levar. É conveniente lembrar também que o homossexual não é o único que sofre preconceito, o negro, o deficiente físico, o filho que não sabe quem é o pai, também sofrem e também não são piores nem melhores que ninguém e isso também, quando necessário, deve ser levado para a sala de aula.

Como já citei antes, a reportagem com esse assunto está na revista Nova Escola impressa desse mês. Ela pode ser encontrada também no link da revista: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/sera-elas-sao-451878.shtml

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